Para refletirmos o capítulo 2 do Evangelho Segundo o Espiritismo – Meu Reino Não é deste Mundo, citação do Evangelho de São João Cap XVIII – 33, 36, 37, “(…) quando Pilatos, o imperador romano, mandou vir Jesus à sua presença e disse-lhe:  – Sois o rei dos Judeus? e Jesus respondeu: – Meu reino não é deste mundo e completa dizendo: – Se fosse, minha gente teria combatido para impedir de cair nas mãos dos Judeus (…)”.

Com essas palavras, Jesus explica que existe algo além dessa vida e designa como “vida futura”, como escreveu Allan Kardec no item 2 do mesmo capítulo e é por onde toda a humanidade irá passar, por isso é considerado o objeto das principais preocupações do homem sobre a Terra.

 
Os ensinamentos de Jesus sem a vida futura não teria razão de ser, porque só ela pode justificar as anomalias da vida terrestre e concordar com a justiça de Deus.

Lembrando que os judeus naquele tempo não tinham ideias claras a respeito disso e ainda acreditavam que os anjos eram considerados seres privilegiados da criação e nem cogitavam que os homens um dia poderiam vir a ser anjos e partilhar da felicidade pura.

 
Segundo eles, a observação das leis de Deus era recompensada pelos bens da Terra, pela supremacia da sua nação, pelas vitórias sobre os inimigos; as calamidades públicas e as derrotas eram o castigo de sua desobediência.

 
O povo pastor no tempo de Moisés era muito simples e só conhecia coisas desse mundo. Jesus iniciou a explicação de outro mundo para quem segue os mandamentos de Deus, alertando que os bons terão a recompensa.

Então, coube ao Espiritismo completar a explicação da vida futura quando os homens estavam amadurecidos para compreenderem a verdade e a ciência ajudaria a descobrir muitas coisas que estavam escondidas.

O senhor Jesus quando disse que o reino não é deste mundo, refere-se a continuidade da vida no espaço, através de trabalhos, estudos e atividades de benemerência que os espíritos exercem, como explica o texto de nome “Numa cidade celeste”, que está no livro Luz Acima psicografado por Francisco Cândido Xavier e ditado pelo espírito Irmão X, Humberto de Campos.

Quando Joaquim Pires desencarnou na Terra, procurou incansavelmente as portas do céu, já que era um praticante assíduo do Evangelho, distribuía benefícios sem cogitar recompensa e sempre pensava no outro antes dele e por ter feito muita coisa, se considerava um homem bom e pensava em descansar um pouco no paraíso.

Observando que no lugar que estava havia luz e sentia felicidade e alegria, resolveu observar e ouvir os ruídos de atividades que chamavam sua atenção como sons de campainhas que vinham de uma parte da cidade, como de uma fábrica.

Nesse momento percebe-se um mensageiro divino e muito simpático que o aguardava na entrada da porta da cidade.

 
Joaquim perguntou: – É aqui o paraíso? Sim, informou o mensageiro.

– Quer dizer que não respiramos mais a atmosfera da carne? – Nem tanto.

Nisso ele escutou as sirenes de serviço tocarem e perguntou: – Trabalham aqui? – Muitíssimo.

– Há nesta cidade, horários, distribuição de tarefas, responsabilidade individuais de leis, lutas e conflitos?

O mensageiro esboçou um gesto de compaixão e observou:
– Acredita que a morte da carne, é mero fenômeno da natureza e purifica o Espírito milagrosamente?

Respondeu: – Bom, a justiça da Terra ensinava-me que há um paraíso para os bons e um inferno para os maus.

O mensageiro disse: – E você se julga perfeitamente bom?

– Não, respondeu, sou um pecador, contudo não admitia que houvesse tanto serviço após o sepulcro.

– Aqui disse o mensageiro, quem não é infinitamente bom, deve amparar quem não é infinitamente mau.

– Sim, é claro, porém sonhava com a paz perpétua. A propósito: Existe aqui chefia e subalternidade? – Perfeitamente.

– Servidores melhores e piores? – Sim em mais elevado padrão de justiça.

– Há estudos e provas, especializações e obrigações? – Sim e muito além dos ensaios que efetuamos na Terra.

– Há probabilidades de erro e dúvida, discussão e negação?

– Sim, observando o livre-arbítrio da alma envolvida a ser chamado a cooperar na estruturação dos destinos, com a supervisão da vontade de Deus.

– Consequentemente há reparações e punições, desequilíbrios e dificuldades?

– Exatamente, porque onde o erro é possível deve existir recursos para a corrigenda. 

E como o mensageiro observou que o objetivo de Pires era estar na inércia do progresso espiritual acentuou com clareza:

– Parece que o paraíso tão sonhado por você é o éden da espécie “Limax arborum”. Que são criaturas que no fundo são igualmente filhas de Deus, organizam o próprio lar através de folhas e flores. Aquietam-se e dormem descansadas sob a claridade do firmamento.

Joaquim repentinamente entusiasmado perguntou: – Quem são esses privilegiados? 

O mensageiro respondeu sorrindo: – São as lesmas e se você descer, encontrará o paraíso delas. 

Ele ficou transtornado quando ouviu falar de lesmas que resolveu entrar.